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"Os filhos de Israel disseram-lhes:
‘Antes fôssemos mortos pela mão de Iahweh na terra do Egito,
quando estávamos sentados junto à panela de carne e comíamos pão com fartura!
Certamente nos trouxestes a este deserto para fazer toda esta multidão morrer de fome.’"
Êxodo 16, 3
As pseudo eleições da Venezuela (onde há sistemáticas provas que o sistema em vigor maquiou a reeleição do ditador Nicolás Maduro) e a primeira leitura do 18º domingo do tempo comum fizeram perguntar-me: como o povo escolhe, democraticamente, ser escravizado? Não me refiro às eleições da Venezuela de 2024, não! Nessas, são evidentes as fraudes. Obviamente o povo venezuelano não quer mais o sistema atual. Eu me refiro ao início, quando Hugo Chávez foi eleito em 1998.
Quando um povo decide, repito, democraticamente, colocar no poder alguém que tentou apossar-se à força desse poder, qual outro resultado possível, no longo prazo? Hugo Chávez , em 1992, tentou dar um golpe militar, foi preso e, em 6 anos, foi ELEITO!
“Agora, quando é que o povo gosta?
É quando eu falo, oh:
nós vamos voltar a reunir a família no domingo,
e nós vamos fazer um churrasquinho,
e nós vamos comer uma fatia de picanha com a gordurinha passada na farinha,
e tomar uma boa de uma cerveja gelada.
O povo entra em delírio”
Luiz Inácio Lula da Silva,
presidente do Brasil e amigo de Chávez.
Ora, há diversos críticos do sistema implementado na Venezuela, caracterizado por alguns como Socialismo do século XXI, mas, creio que o sistema em vigor não é o problema. Nem de longe! O sistema só é um problema quando há um golpe militar, o que não foi o caso da Venezuela. O sistema implementado por Chávez foi ESCOLHIDO pelo povo. E isso não me parece um problema de “educação”, nos termos técnicos definidos pelas entidades que avaliam esse indicador: a taxa de alfabetização da Venezuela em 1990 era maior que a do Brasil em 2000, por exemplo.
O problema está em querer não ter problemas. “Toda dor vem do desejo de não sentirmos dor”, como dizia Renato Russo. O povo não está preocupado em perder sua liberdade se tiver “pão com fartura”. Isso não é um problema dos venezuelanos, dos latinos, da geração atual… isso foi documentado há MILÊNIOS antes de Cristo, por um povo que vivia no outro lado do oceano!
A causa do problema enfrentado hoje por tantas nações que optam por sistemas populistas (como o de Chávez e Maduro) é o VÍCIO da preguiça. E isso provém de uma falta de trabalho na virtude da diligência, que é fazer bem feito todas as coisas que forem ser realizadas. Explico: os populistas ganham cada vez mais voz porque as pessoas ESCOLHEM, deliberadamente, a picanha e a cerveja gelada, e não o trabalho bem feito.
Imagine dois candidatos a presidentes. O primeiro, promete o seguinte:
“Eu prometo que todos poderão fazer seu trabalho bem feito e que terão em troca somente o fruto de seu trabalho.”
E o outro promete o seguinte:
“Eu prometo que todo o povo (brasileiro) poderá comer uma fatia de picanha com a gordurinha passada na farinha e tomar uma boa de uma cerveja gelada”.
Com uma eleição 100% limpa, com a democracia em pleno vigor, com todos os órgãos internacionais monitorando o processo, quem você acha que vai ganhar? Eu preciso responder?
Não é necessária nenhuma fraude para colocar (ou recolocar) um populista no poder, porque o ser humano, manchado pelo pecado original, prefere ter pão com fartura, independente se ele vai ser escravo ou não. É melhor a garantia do alpiste na gaiola do que a liberdade de poder ser caçado por um gavião.
Ser livre para errar, para fracassar, para ficar sem renda por um período? Ninguém quer, ninguém quis e ninguém quererá. Ser livre para prosperar, ser rico e poder resolver o problema das próximas 10 gerações? Todo mundo quer, todo mundo quis e todo mundo quererá. A questão é que a possibilidade de ter a bonança implica o risco de cair na desgraça. Então, qual a outra opção? Ser escravo, porém ter, ao menos, umas migalhas de pão.
Enquanto tratarmos o socialismo (que, no fundo, é apenas um compilado teórico de um sistema político) como a causa do problema, ainda seremos escravos. O problema não é o sistema terreno, ou seja, o plano material, senão um vício espiritual, que está atrelado a ter algo que não foi conquistado pelo trabalho. Nosso Senhor fugiu em diversas ocasiões de ser coroado como um rei político, porque Ele veio nos libertar não de um sistema terreno opressor, senão do pecado e dos vícios que aprisionam a nós mesmos. Cristo veio nos libertar de nós, que somos nossos próprios algozes. Aceitar Cristo é aceitar trabalhar nas virtudes que precisamos desenvolver para libertamo-nos de nossos vícios. Eu tomei muito cuidado ao escrever “trabalhar nas virtudes”, porque as virtudes são fruto de um trabalho de longo prazo, e não fruto somente de oração; “Ora et Labora!”, como dizia São Bento.
"O salário do pecado é a morte" (Rm 6, 2); o salário dos vícios também. A pobreza existente hoje na Venezuela, que faz muitos morrerem, é o preço pago pelo vício do povo na década de 90.
O socialismo não é o problema; o populismo não é o problema, os sistemas políticos não são o problema. O problema são os vícios, que começam destruindo o espírito e terminam por destruir a própria carne.
Mayko Petersen
#partiuserrico
06/08/2024