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Você que acompanha o site do #partiuserrico ou o canal do YouTube sabe de uma coisa: se for para endossar a mesma opinião do senso comum, o lugar não é aqui! Sempre busco trazer reflexões mais profundas através de outros pontos de vista a todos que me dão seu tempo como sinal de confiança no conteúdo produzido. Devida ratificação feita, vamos ao ponto.
Na semana passada, no dia 19/11/2020, um ser humano, o sr. João Alberto Silveira Freitas, foi assassinado brutalmente: espancado até a morte por dois seguranças no Carrefour de Porto Alegre/RS. Véspera do dia da consciência negra, o fato foi noticiado também como racismo.
Antes, tenho que confessar que eu não consigo entender como um ser humano vê o outro como inferior por causa de uma quantidade diferente de melanina. E pior: como alguém chega ao ponto de querer que esse outro seja eliminado apenas devido a uma característica biológica evolutiva que se deu por um meio ambiente diferente (é fácil entender porque os europeus têm pele mais clara e os africanos a pele mais escura: adaptação da nossa espécie ao ambiente que vivia). Mas, também me custa entender porque um terceiro acha que uma agressão de um a outrem se dá, necessariamente, porque eles têm cor de pele diferentes. Suponhamos que a agressão não tenha se dado devido à quantidade de melanina distinta entre os envolvidos, pergunto: quem é o racista nesse caso?
Vamos aos fatos objetivos. Neste vídeo, a partir do minuto 2, podemos ver que os seguranças, aparentemente, tentaram conduzir o sr. João Alberto de forma cordial ao estacionamento. E neste vídeo, nos primeiros 15 segundos, vemos que quem inicia a agressão é o próprio João Alberto - isso também virou manchete desta notícia. Sendo extremamente objetivo, se temos pessoas de peles diferentes onde uma inicia a agressão a outra, pergunto novamente: quem é o racista?
Obviamente, houve uma desproporção entre a agressão sofrida pelos seguranças e a agressão sofrida pelo sr. João Alberto, levando-o ao lamentável óbito. Mas, analisando todos os fatos, sem nenhuma mídia ou opinião, atento somente às imagens, é possível enxergar o crime como oriundo do racismo?
Há grandes veículos de comunicação e entidades supranacionais que parecem que enxergam. Está aqui a manchete: "Morte de João Alberto evidencia o racismo no Brasil, diz ONU".
Se você olhar atentamente a imagem, eu destaquei com uma seta (muito mal feita, por sinal) uma outra reportagem com o título: Dentista morre uma semana após apanhar. Um outro fato lamentável de desrespeito à vida humana. Mas, aqui vamos atribuir que tipo de crime, já que o dentista era branco?
O que me deixa triste, e até revoltado, não é o tratamento dado por uma pessoa devido a essa ou aquela característica (cor da pele, escolha sexual, local de nascimento, etc), mas sim o tratamento não humano a um ser humano. Eu não vejo uma black life, eu vejo uma life: every life matters: branco, índio, preto, estrangeiro, brasileiro, sulista, nordestino, homem, mulher... as pessoas que evidenciam a diferença só agravam o problema, porque as coisas melhorarão quando enxergarmos no outro uma pessoa e não suas características.
Uma reflexão que faço é: quem mais incentiva o racismo em nossa sociedade? Creio que podemos concordar que são os que pensam que pessoas de pele preta sejam tratadas de forma diferente por... terem a pele preta, certo? Ou seja, "ele deve ser agredido porque é negro" - esse é o racista. Mas e quem acredita que "ele deve entrar na faculdade por ser negro" é o que?
Esses "defensores" de direitos diferentes querem que leis sejam feitas para "compensar" o déficit que acreditam que existe entre pretos e brancos. Eu não sou cego para enxergar que sim, há um abismo brutal entre pobres e ricos, que o Brasil é um dos piores lugares para se acender socialmente, mas, desculpe-me, eu sou cego para enxergar a diferença entre uma pessoa de pele preta e outra de pele branca que são da mesma classe social. Em toda minha vida, eu nunca consegui enxergar isso. Vão sempre justificar que "devido à escravidão a sociedade têm uma "dívida histórica" com as pessoas de pele preta", mas será que sabem que quem as escravizou foi seu próprio povo (e até hoje as escraviza)? Os portugueses tinham acordos muito bem estruturados com o reino do Congo: o problema SEMPRE foi SOCIAL. Claro, observamos em outras nações, ou mesmo no Brasil, que há pessoas que são racistas mesmo, mas a CAUSA do problema nunca foi a cor da pele. Se Portugal fizesse acordos com o governo Chinês, os escravos seriam chineses. Não estamos falando de vender escravos africanos para trabalhar forçadamente, mas estamos falando de escravizar outros seres humanos! Além dos escravos da África, havia índios, escravizados pelos próprios Tupy nas batalhas onde estes conseguiam a vitória. Também nesse negócio, entre portugueses e indígenas, ambos os lados foram beneficiados, como pode ser lido no livro História da riqueza no Brasil, de Jorge Caldeira.
O que enxergamos primeiro no outro: uma vida humana uma black life? Enquanto a gente se enxergar diferente evidenciando, inclusive na lei, que existe uma inferioridade ou uma diferenciação, a igualdade, valor defendido por tantos durante séculos, será sempre uma utopia. Every life matters!
Mayko Petersen
#partiuserrico
24/11/2020